2.b) Características do método científico
O método dedutivo, o método indutivo e o método hipotético-dedutivo são os três métodos científicos a que se refere a denominação genética de método científico.
A primeira característica do método científico é a sua natureza convencional, a de servir de marco de geração do conhecimento objetivo. Por isso existem múltiplas características em função da perspectiva com que se classifiquem, se estudem e inclusivamente se denominem.
A primeira que me chama a atenção é o fato de que os dois primeiros têm um nome difícil de distinguir, visto que no âmbito linguístico, podem representar um só conceito com duas manifestações: raciocínio numa direção ou na contrária, do geral para o particular ou vice-versa.
O problema, logicamente, deriva da dificuldade conceptual de separar um método científico de outro de uma forma clara; evidentemente os termos escolhidos não ajudam a reter na memória estes dois conceitos de método científico. Também não ajuda muito a denominação do terceiro método científico.
Uma característica de ambos métodos é que podem ir do geral para o particular ou vice-versa, num sentido ou no inverso. Ambos utilizam a lógica e chegam a uma conclusão. Em última instância, sempre têm elementos filosóficos subjacentes.
Ambos costumam ser susceptíveis de verificação empírica. Ainda que o método dedutivo seja mais próprio das ciências formais e o indutivo das ciências empíricas, nada impede a aplicação indistinta de um método científico ou outro a uma teoria concreta.
Para mim, sem pretender entrar em polêmica neste tema, a diferença fundamental entre o método dedutivo e o método indutivo é que o primeiro aspira a demonstrar, mediante a lógica pura, a conclusão na sua totalidade a partir de umas premissas, de maneira que se garante a veracidade das conclusões, se não se invalida a lógica aplicada. Trata-se do modelo axiomático proposto por Aristóteles como método científico ideal.
Pelo contrário, o método indutivo cria leis a partir da observação dos fatos, mediante a generalização do comportamento observado; na realidade, o que realiza é uma espécie de generalização, sem que através da lógica possa conseguir uma demonstração das citadas leis ou conjunto de conclusões.
As referidas conclusões poderiam ser falsas e, ao mesmo tempo, a aplicação parcial efetuada da lógica poderia manter a sua validade; por isso, o método indutivo necessita de uma condição adicional, a sua aplicação considera-se válida enquanto não se encontrar nenhum caso que não cumpra o modelo proposto.
O método hipotético-dedutivo ou de verificação de hipóteses não coloca, em princípio, nenhum problema, visto que a sua validade depende dos resultados da própria verificação.
Este método científico costuma utilizar-se para melhorar ou precisas teorias prévias em função de novos conhecimentos, nas quais a complexidade do modelo não permite formulações lógicas. Portanto, tem um caráter predominantemente intuitivo e necessita, não só para ser rejeitado mas também para impor a sua validade, a verificação das suas conclusões.
Poderia propor-se, para estas três variantes do método científico, a denominação de método dedutivo, método intuitivo e método experimental ou método de verificação, ou qualquer conjunto de palavras que façam referência às suas diferenças fundamentais e não coloquem problemas à memória semântica. Não obstante, nesta exposição, manterei a nomenclatura geralmente utilizada. Nesta mesma linha se encontra a denominação de método lógico dedutivo que as vezes recebe o método dedutivo.
A Teoria Geral da Evolução Condicionada da Vida seria, em princípio, uma teoria baseada no método hipotético-dedutivo ou método de verificação de hipóteses.
A teoria de Darwin, pelo contrário, estaria enquadrada no método indutivo; mas que, apesar de encontrar exemplos contrários não se invalida, adequa-se para encaixar qualquer triângulo. Porque será?
Como se disse anteriormente, toda a teoria deve ser resistente à sua refutação, contudo, uma teoria que não pode ser refutada por nenhum fato concebível, não é científica. A impossibilidade de refutação de uma teoria científica não é uma virtude, mas sim um vício.